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Meninos caaporas. Imagem modificada de original em domínio público. |
Na grande floresta de Grínkor, vive uma tribo de crianças que chamam a si mesmo de "caaporas" (ka'á + pora = habitante da floresta). Nas cidades macebóis vizinhas à floresta, é mais comum chamá-los de "o povo da mata".

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Em Ybyraoketá, é possível ir de casa em casa usando pontes e cordas, sem precisar descer ao chão. Imagem modificada de Bamboo House Mawlynnong | © Editor Gol Monitor / Flickr |
Eles usam roupas simples, trançadas com fios de cauuma (ka'á + u'uma = planta macia) e têm a pele acastanhada. Alguns gostam de se ornar cordas atadas aos braços e tornolezos, além de pinturas em padrões geométricos pelo corpo. Eles veneram Ka'a'anga Py'aoby (ka'á + 'anga + py'á + oby = espírito da floresta coração verde), aquele que as demais crianças chamam de Grínkor, o Espírito da Floresta.
O idioma dos caaporas é o Abanheenga (abá + nhe'enga = língua de gente), mas a maioria deles também sabe se expressar mais ou menos bem em Nortenho. E alguns de seus pajés e xamãs alegam ser capazes de falar diversas Soonheengas (so'ó + nhe'enga = língua de animal).
São amantes de histórias e lendas, e boa parte de sua cultura gira em torno da preservação e transmissão dessas histórias. Grande destaque em sua sociedade tem o sacerdote ou sacerdotisa que carrega o título de Mombeú Mboeçara (mombe'u mbo'e-sara = mestre do narrar), que se encarrega de garantir que as crianças caaporas nunca percam a imaginação, caso o espírito mau Moangu (moanga + 'u = comer ideias) tente comer seus sonhos.
Por apreciarem as histórias, sempre receberam muito bem os visitantes d'além-floresta, especialmente quando estes vêm em buscas e aventuras. Sua gentileza frequentemente era retribuída com algum presente, muitos dos quais não lhes serviam no dia-a-dia. Eles, assim, resolveram que dariam esse presente à próxima busca de crianças que os visitasse. Tal costume deu origem à Jetanonga (îetanonga = dar oferenda, presentear), a cerimônia de troca de presentes entre uma busca do passado e outra do futuro intermediada pelos caaporas.
Mas não pense que eles são um povo tímido, pois também têm suas desavenças com os macebóis e entre eles mesmo. O mais doloroso desses conflitos levou à uma divisão de seu povo: as aldeias Guarinindaba e Jaguacuara uniram-se e pelejaram contra as demais, pois seu chefe Akangatã (akanga + atã = cabeça dura) queria ser coroado líder dos caaporas. Akangatã perdeu essa guerra, mas aliou-se aos macebóis e declarou-se líder dos poretés (pora + eté = povo legítimo); já os caaporas passaram a considerá-los rebeldes tobajaras (tobaîara = inimigo).
Em O Rei Adulto, você conhecerá um pouco mais sobre os caaporas e seu papel na busca de Êisdur. Compre o seu exemplar!
Todas as etimologias apresentadas acima são do tupi antigo, tomado como idioma para representação do Abanheenga. Você pode aprender o tupi antigo a partir dos livros do Prof. Eduardo Navarro ou do já esgotado Curso de Tupi Antigo, do Padre Lemos Barbosa.
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