Lázaro Luís Zamenhof, Criador do Esperanto. |
O Esperanto parece ter apelo para escritores de Fantasia. O fato de ser um idioma construído — o mais bem sucedido de todos — não tem como não chamar a atenção de escritores afeitos à construção de mundos, a começar pelo próprio Tolkien, que em pelo menos duas ocasiões demonstrou interesse pelo Esperanto. Também foi usado ou mencionado em vários livros, filmes e músicas, fazendo parte da cultura popular ora como um idioma exótico, ora como idioma futurista.
Uma quadra de selos brasileiros, de 1936, que comemora o Nono Congresso Brasileiro de Esperanto. |
O que mais apreciei no Esperanto foi que ele me ajudou a entender melhor a estrutura do próprio Português e ainda hoje me ajuda a aprender outros idiomas. Sua construção frasal demanda um maior apego à lógica (para evitar as expressões idiomáticas) e passou a ser-me frequente pensar no papel sintático de uma expressão em Português a partir de seu análogo esperantista.
Sendo um idioma que me acompanha desde a adolescência, alguns traços de sua influência se encontram em O Rei Adulto, a começar por sua filosofia central que busca permitir a comunicação de povos com culturas diferentes:
As crianças tentavam comunicar-lhe ideias básicas, mas nada conseguiam. Wáldron era o mais angustiado: não aceitava que pessoas pudessem deixar de se conhecer simplesmente porque não falavam o mesmo idioma. (O Rei Adulto, Cap. 41)
As demais influências surgem na etimologia de palavras e nomes de personagens:
- No Capítulo 32, Srívenc diz que Guaipur é governado por dois irmãos: Marnado e Maramanta. Marnado é um hibridismo de "maro" (em Esperanto, 'mar') e nado (em Português medieval, 'nascido'), construído segundo a regra de formação de palavras em Esperanto, com o sentido vago de "nascido no mar". Já Maramanta vem do Esperanto "Maramanto", 'aquele que ama o mar'.
- No Capítulo 40, um personagem tem o sobrenome Monavida. Em Esperanto, essa palavra significa 'ávido por dinheiro'. A própria cidade onde ele mora se chama Noviurbo, que é um hibridismo de Latim e Esperanto que significa "Nova Cidade".
- O nome da cidade Truplena, visitada pelos crianças no Capítulo 37, significa "cheia de buracos" em Esperanto.
- Algumas cidades menores, que não fazem parte da história mas podem ser vistas nos mapas, têm seus nomes derivados total ou parcialmente do Esperanto: Trustenda (do Inglês Trust + Esperanto -enda, com significado composto de "na qual se deve confiar"); Durivêroi (em Esperanto, "dois rios"), situada entre os rios Flafir e do Alimão; Inda Vidi (em Esperanto, "digna de ver"), junto às Cataratas do rio Lennx.
Mas talvez a maior influência do Esperanto em mim tenha sido o amor às palavras e à linguística. Não há como ser esperantista e não apreciar a riqueza cultural que as línguas têm.
Cheguei inclusive a começar a traduzir ao Esperanto O Rei Adulto (La Reĝo Plenkreska), com vistas a permitir que um de meus correspondentes conhecesse a história. A primeira página dessa tradução pode dar uma impressão geral do idioma:
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