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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Cenas dos primeiros capítulos

O comércio em Baltar, o balé da Cumacanga, o desafio ao Nuncanão e a busca de Fides são cenas dos quatro primeiros capítulos de O Rei Adulto. Por serem ricas em ambientes e personagens que cativam a imaginação, histórias de fantasia costumam ser acompanhadas por ilustrações que se tornam tão conhecidas quanto as cenas que as inspiraram. Quem nunca viu as ilustrações de Alice no País das Maravilhas ou de O Pequeno Príncipe? Há ainda o caso de histórias que nascem das ilustrações, como Dinotopia, de James Gurney.

Mas boas ilustrações requerem habilidade e anos de formação. Felizmente, para leigos e diletantes como eu, alguns programas de computador para manipulação de imagens contêm recursos suficientes para produzir ilustrações razoáveis. O mais conhecido desses programas é o Photoshop. Eu uso o GIMP, que é tão poderoso quanto, gratuito e segue a filosofia do código aberto.

Para sanar essa crônica falta de habilidade e firmeza no traço, decidi fazer composições com partes de imagens e fotografias distribuídas sob a licença Creative Commons, modificadas aqui e ali para se adequarem à história que retratam. A composição é posteriormente degradada e tratada como aquarela, para diminuir os eventuais defeitos da junção de imagens de origens distintas, antes de ser postada na fanpage. Porém, as originais são igualmente interessantes, e um tanto mais nítidas, como poderão ser vistas abaixo. Além disso, é preciso dar crédito às fotografias e técnicas usadas, o que não é possível fazer de forma apropriada nas imagens distribuídas pelo facebook.

Uma rua de Baltar


Baltar é a cidade mercantil onde a história tem início. O protagonista, Êisdur, chega à cidade em busca de seu irmão mais velho, em pleno dia de feira. A imagem retratada é a justamente a do primeiro parágrafo de história: "Começava um novo dia de feira em Baltar. Em ocasiões como essa, a cidade era tomada por flâmulas coloridas, desfraldadas das janelas dos casarões mais nobres."


A imagem original é uma fotografia feita por Julia Casado. Apaguei as antenas de televisão no topo dos prédios e demais elementos modernos, adicionei as flâmulas, mudei letreiros, coloquei uma iluminura medieval como se fosse um grafite numa das paredes, e lá estava Baltar.

O balé da Cumacanga


A composição de uma rua de Baltar estimulou-me a tentar ilustrar cenas dos capítulos seguintes. Seguindo a ordem, escolhi para a próxima composição o momento em que Êisdur segue em busca da Cumacanga para perguntar-lhe se ela sabe onde vive o Rei Adulto. A bruxa está bailando sobre um lago, apaixonada pelo próprio reflexo, e não gostará nem um pouco de ser perturbada.


Essa composição foi mais simples, embora visualmente me agrade mais que a anterior. A silhueta do menino é de uma fotografia de meu filho aos 7 anos de idade. O lago que serviu de base é uma fotografia tirada por EMM para o Blue Lake Free Press (o máximo que consegui descobrir). Tanto o céu, quanto as margens foram modificadas, pus uma árvore no plano da frente, grama, iluminação por conta da luz das chamas da Cumacanga, etc. 

O desafio ao Nuncanão


No capítulo 3, Êisdur e Wáldron são desafiados pelo Nuncanão, o anão que nunca fala não. Depois é sua vez de desafiá-lo. Eles o encontram de pijama, com seu castelo flutuando em cima de uma nuvem baixa.


A imagem de fundo é uma fotografia tirada no parque Yosemite por Unsplash. As montanhas no mundo representariam os Montes Baixos, junto aos quais Êisdur e Wáldron se encontram no momento em que são perturbados pelo Nuncanão. O castelo ao fundo é uma arte vetorial criada por Susannp4. O Nuncanão saiu de uma fotografia feita por Hans Braxmeier em que, curiosamente, figura um anão de pijama em porcelana.

Para essa composição: eliminei o casal que aparece na fotografia do parque Yosemite; adicionei os pássaros e as nuvens e trabalhei com mais detalhe para que o castelo e as nuvens se misturassem bem; modifiquei o anão de porcelana para que ficasse mais próximo ao Nuncanão; modifiquei as cores da imagem para que parecesse ser noite; incluí neblina no primeiro plano e na floresta ao fundo.

Fides e o carro do Sol


No capítulo 4, Êisdur e Wáldron já se encontraram com os irmãos Harsínu e Marsena. Em sua parada para dormir, à noite, fazem uma roda de histórias junto à fogueira e cada um conta um pequeno conto. O conto narrado por Marsena é sobre como Fides busca o pó das estrelas para curar a cegueira da menina por quem é apaixonado. A busca de Fides o leva a várias aventuras, mas a que mais gosto, talvez por ser astrônomo, talvez por ser uma referência direta ao mito grego do filho de Hélio, é quando ele usa o carro do Sol para tentar chegar perto das estrelas.


Essa composição foi feita com a mistura de dois fundos de tela. Pelo que consegui apurar, a imagem do céu estrelado foi feita por Aslinah Safar, em Alberta, Canadá. Até o momento não consegui descobrir o autor da outra imagem. O carro do Sol foi construído após muita modificação numa fotografia de Lynn Greyling, que mostra pequena escultura em metal de biga grega. 

Para essa composição, trabalhei com camadas de diferentes opacidades de modo a colorizar os cavalos e criar a aura em torno do carro e de Fides. As chamas foram criadas com ajuda desse tutorial produzido por Billy Kerr. Por sinal, o mesmo efeito já tinha sido usado para os cabelos da Cumacanga, acima. Para Fides, busquei fotografias, mas não encontrei um modelo na postura adequada e acabei desenhando o rosto e corpo à mão.

Próximos capítulos


Como o livro possui 42 capítulos, não sei se conseguirei tempo e ideias para ilustrar todos. Tentarei, aos poucos, talvez pulando a ordem, pois dependerá de ter ideias para a composição, e descobrir a técnica correspondente para o efeito desejado no GIMP.

Cabe aqui uma pequena curiosidade: toda a história desse livro teve início em um pequeno desenho que fiz em 1991. Embora esse desenho não ilustre a busca de Êisdur propriamente dita, ele apresenta alguns elementos que vieram a ser incorporados na narrativa: o fim da infância, os brinquedos abandonados, o rio das Lágrimas e os Montes Altos. 

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