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domingo, 10 de julho de 2016

Que sotaque mais esquisito!




Que sotaque mais esquisito!... É assim que o ladrãozinho Wáldron reage ao ouvir pela primeira vez a fala de uma criança proveniente do Tamatich. Na vida real, todos temos estranhamento similar quando ouvimos um falar, um sotaque ou idioma próximo, levemente inteligível. Com algum esforço, é possível entender a maioria das palavras e o contexto completo da frase, mas ressoará vividamente no ouvido uma sonoridade e cadência pitorescas.

Como transpor para o texto esse estranhamento mágico que o som da fala de falantes diversos proporciona?

Em O Rei Adulto, com exceção do povo da mata, todas as crianças falam a mesma língua. Mas há diferentes falares, sotaques e, quanto muito, subdialetos.

Para representar esses falares imaginários num texto escrito, pode-se criar línguas artificiais ou usar o farto material linguístico já existente no idioma no qual a história será contada. Línguas totalmente artificiais representam bem mundos fantásticos e oníricos, mas carecem de apelo ao leitor, dado que seus elementos serão totalmente arbitrários. A segunda opção, por outro lado, quando aliada a algumas criações artificiais, pode representar melhor um conjunto de falares que guardam estreita relação entre si, no universo da história. Esta escolha pode ser melhor compreendida se considerarmos que toda história é em si uma tradução de pensamentos e ideias ao idioma escolhido para representá-la. Assim, ao contar (“traduzir”) O Rei Adulto na (para) a Língua Portuguesa, usei diversos recursos ortográficos, variantes históricas, sociais ou regionais do Português, bem como o Tupi Antigo, língua indígena que tanto enriqueceu o vocabulário do Português do Brasil e me pareceu, assim, adequada para representar o idioma dos caaporas. Grande liberdade foi tomada neste aspecto, no sentido de colorir cada etnia do Mundo Mirim.

São vários os falares que se sucedem na narrativa: o Sulino e o Nortenho (representados, respectivamente, pelo Português Brasileiro e Europeu), o arcaico Tammanor (representado pelo Português do Século XIII), o artificialíssimo Neotamano (que mescla o Nortenho e o Tammanor) e o desregrado Gandaio, adotado pelas crianças que vivem na Gandaia.

Aos poucos Wáldron irá se acostumar à fala dos tamatiscos, até se deparar com uma fala ainda mais arcaica:



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